As casas-torre ou domus-fortis de origem portuguesa nos quatro territórios do antigo Estado da Índia, investigação de Sidh Daniel Losa Mendiratta vence 8ª edição do Prémio Fernando Távora.
A Ordem dos Arquitectos - Secção Regional do Norte, em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos e a Associação Casa da Arquitectura, anuncia o vencedor da 8ª edição do Prémio Fernando Távora em conferência pública no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, no dia 1 de Abril de 2013.
Os membros do Júri da 8ª edição do Prémio Fernando Távora, presidido pelo Professor Investigador Alexandre Quintanilha e constituído pelos Arquitectos Jorge Figueira, Nelson Mota (nomeado pela Casa da Arquitectura), Ana Cristina Machado (em representação da OASRN) e Clemente Menéres Semide (designado pela família do Arquitecto Fernando Távora), deliberaram por unanimidade atribuir o Prémio à proposta "Domus-fortis in Æquator: A segunda vida da casa-torre de origem Europeia no antigo Estado da Índia" do arquitecto Sidh Daniel Losa Mendiratta.
"O objectivo principal desta viagem é localizar e documentar vestígios arqueológicos de casas-torre ou domus-fortis de origem portuguesa nos quatro territórios do antigo Estado da Índia - Província do Norte; Goa; Sri-Lanka; e Timor-leste -, tendo em vista sobretudo comprovar a sua disseminação e averiguar o seu papel matricial na estruturação e ordenamento dos respectivos territórios e ainda estudar a sua evolução comparando-a com a sua congénere Europeia, à luz das diferentes mentalidades e culturas do habitar desenvolvidas pelas sociedades de origem portuguesa nesses mesmos territórios.(...) Esta viagem permitirá assim reunir informação essencial para tentar responder a questões como: A casa-torre de origem europeia difundiu-se por todos os territórios do Estado da Índia? Quais as diferenças entre as casas-torre da expansão e aquelas de Portugal continental? Como eram habitadas as casas-torre da expansão portuguesa? (...)"
Excertos da proposta de viagem.
O Júri "enalteceu o número e a qualidade da generalidade das candidaturas, pelo potencial que encerram como propostas de investigação no âmbito da arquitectura, reconhecendo que o trabalho premiado nesta 8ª Edição do Prémio Távora se distingue pela consistência, clareza e ambição que permitirá o reconhecimento da cultura portuguesa, numa faceta menos explorada, num quadro geocultural alargado que inclui a Índia, Sri Lanka e Timor-Leste. O Júri entendeu valorizar um projecto que investe na ideia da viagem como itinerário físico de descoberta, neste caso, em territórios míticos da expansão portuguesa. O objecto de estudo - localização e documentação da "casa-torre" nas antigas províncias do Estado da Índia - tem por isso um interesse transversal que revelará processos de aculturação que importa desvendar".
Excerto da acta do Júri.
Sidh Daniel Losa Mendiratta. De ascendência indiana e luso-alemã, nasce no Porto em 1977. Frequenta a Oporto British School, onde adquire uma educação bilingue anglo-portuguesa. Em 1995 ingressa no Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra, tendo sido um dos fundadores e primeiro secretário do seu Núcleo de Estudantes. Em 1998 transfere para a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Efectua o quinto ano do curso, em 2001/2002, no Goa College of Architecture, Índia, como estudante free-mover. Em 2004/2005 desenvolve a sua prova final com o tema "O Convento dos Agostinhos de Velha Goa: memórias de um levantamento", aprovada com 19 valores. Conclui a sua licenciatura em 2005 com a média final de 16 valores. Efectua o estágio profissional no "Atelier 15", sob a responsabilidade do arquiteto Alexandre Alves Costa. Entre 2006 e 2008 colabora no projeto de investigação "Bombaim antes dos ingleses", coordenado pelos professores Walter Rossa e Paulo Varela Gomes e sedeado no Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra. Entre 2008 e 2012 elabora a sua dissertação de doutoramento com o título "Dispositivos do sistema defensivo da Província do Norte do Estado da Índia, 1521-1739", sob a orientação dos professores Walter Rossa e Paulo Varela Gomes, aprovada na Universidade de Coimbra "com distinção e louvor, por unanimidade". Em 2013 inicia o seu projecto de pós-doutoramento com o tema " Construção identitária: paisagens urbanas e arquitectura de origem católica em Bombaim (séculos XVI-XX)".
A OASRN recebeu 30 candidaturas à 8ª edição do Prémio Fernando Távora. O prazo de entrega de candidaturas terminou a 4 de Fevereiro de 2013. A Conferência do Vencedor, Anúncio público da constituição do Júri e abertura da 9ª edição do Prémio decorrerá a 7 de Outubro de 2013, Dia Mundial da Arquitectura.
Nas edições anteriores, foram premiados os arquitectos Nelson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça, Marta Pedro e Paulo Moreira (1).
O Prémio Fernando Távora é um prémio anual, único - consiste na atribuição de uma bolsa de viagem, no valor de seis mil euros -, e de âmbito nacional, destinado a todos os membros efectivos da Ordem dos Arquitectos. Instituído em homenagem ao arquitecto Portuense, figura referência da arquitectura portuguesa pela sua actividade enquanto arquitecto e pedagogo.
O Prémio é organizado pela OASRN em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) e a Associação Casa da Arquitectura (ACA), contando com o patrocínio da AXA.
Mais informações em www.oasrn.org > Prémio Fernando Távora.
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Carolina Medeiros
Assessoria de Comunicação
OASRN
(1) Na edição inaugural do Prémio Fernando Távora, em 2005 os membros do Júri, Vasco Graça Moura, Arquitectos Álvaro Siza Vieira, José Bernardo Távora, Manuel Mendes e Teresa Novais (em representação da OASRN) atribuíram o Prémio ao arquitecto Nelson Mota, que propunha, na sequência de uma investigação da arquitectura do quotidiano (privado e público no espaço doméstico da burguesia Portuense, do século XIX), confrontar o Porto do final do Século XIX com o mundo que lhe era contemporâneo, tentando perceber o que lá sucedia, no mesmo período, indo para isso às raízes da ideia da habitação burguesa, a partir do séc. XVII em cidades europeias e transatlânticas, como Delft, Londres, Paris, Rio de Janeiro, Olinda e Boston.
O Júri da 2ª Edição do Prémio Fernando Távora, Prof. Doutor Jorge Sampaio, Arquitectos Alexandre Alves Costa, Gonçalo Byrne, Luís Tavares Pereira (em representação da OASRN) e Fotógrafo Luís Ferreira Alves (designado pela Família de Fernando Távora), atribuíu o Prémio à proposta "Quadrícula Emocional: um urbanismo híbrido entre natureza e arquitectura nas cidades atlânticas portuguesas do sec XVI" da arquitecta Sílvia Benedito.
Os membros do Júri da 3ª Edição do Prémio Fernando Távora, Prof. Doutor João Lobo Antunes, Arquitectos Nuno Teotónio Pereira, Eduardo Souto de Moura, Filipa Guerreiro (em representação da OASRN) e Prof. Doutor José Ferrão Afonso (designado pela Família de Fernando Távora), atribuíram o Prémio à proposta "Arquitectura para o desenvolvimento. intervenções de emergência e de permanência no sudoeste asiático" da arquitecta Maria Moita.
Na 4ª edição do Prémio, o Júri constituído pela artista plástica Helena Almeida, pelos arquitectos João Luís Carrilho da Graça, Sergio Fernandez, Ana Maio (em representação da OASRN) e Professor Doutor Arnaldo Saraiva (designado pela Família de Fernando Távora) atribuíram o Prémio à proposta "Diário do Deserto - Namibe 2009" da arquitecta Cristina Salvador.
O Júri da 5ª Edição do Prémio Fernando Távora constituído pelo Dr. Emílio Rui Vilar, que presidiu ao júri, e os arquitectos Nuno Brandão Costa, João Paulo Rapagão (em representação da Casa da Arquitectura), Ana Tostões (em representação da família Távora) e Maria Manuel Oliveira (em representação da OASRN), deliberaram por unanimidade atribuir o Prémio à proposta "De La Chaux-de-fonds à Voyage d'Orient - A promenade architecturale e o espaço/tempo em Le Corbusier" do arquitecto Armando Rabaça.
Em 2011, o júri do Prémio que integrou o arquitecto João Mendes Ribeiro (em representação da Casa da Arquitectura), que presidiu ao júri, o cineasta Manoel de Oliveira, arquitecto Luis Mansilla (recentemente falecido), António Magalhães Basto (em representação da família do Arquitecto Fernando Távora) e, ainda, arquitecta Margarida Vagos Gomes (em representação da OASRN), deliberaram por unanimidade atribuir o Prémio Fernando Távora à proposta "A Song to Heaven ou o Japão Sublime em Frank Lloyd Wright: da viagem de 1905 ao Legado na Arquitectura Moderna Japonesa" da arquitecta Marta Pedro.
Na 7ª edição do Prémio, os membros do Júri, presidido pelo Historiador José Mattoso, e constituído pelo Engenheiro António Ferrão (em representação da família de Fernando Távora), pelo Arquitecto Walter Rossa, pelo Arquitecto Ricardo Vieira de Melo (em representação da Casa da Arquitectura) e pelo Arquitecto Nuno Grande (em representação da OASRN), deliberaram atribuir o Prémio à proposta "Exploratório Urbano da Chicala: Um percurso alternativo pela topografia pós-colonial de Luanda, Angola" do arquitecto Paulo Moreira.