OASRN

#706

CANDIDATURAS | Núcleos de Aveiro, Braga e Viseu

08-11-2017

31 NOTÍCIAS | OASRN
Desenhar por Palavras, Sérgio Miguel Teixeira Magalhães


Imagens © direitos reservados.

Desenhar por Palavras, Sérgio Miguel Teixeira Magalhães

Até 15 DEZ' 17 | A Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos - OASRN desafia os seus membros a partilharem conhecimentos, experiências, reflexões e opiniões através da submissão de artigos de opinião. O tema é único: Arquitectura. Damos conhecimento do artigo seleccionado com a autoria de Sérgio Miguel Teixeira Magalhães “Porto. Candidatura Portugal.Porto 2017”. Esta iniciativa tem o patrocínio Ageas Seguros.

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Porto.
Candidatura Portugal . Porto 2017
Agência Europeia do Medicamento . European Medicines Agency EMA


O Porto é mais do que um nome, mais do que um mero substantivo de uma cidade do norte de um país sul europeu. É um termo, uma designação de qualificação e singularidade, um novo adjectivo verbal.

É assim que eu vivo “o Porto”. Um desígnio vivo, superior a uma imparável renovação física de um local. É aqui que vivo, assisto e participo do florescer de novos costumes próprios, peculiares, sociais, uns locais, outros globais. Costumes não só de gente nova, ou velha, comum e incomum, mas assentes na verdadeira raiz de ser “à Porto”. Essa raiz de onde, desde outros tempos, a boçalidade rural marcou forte a defesa de um território e onde espanhóis, franceses, ingleses e até outros portugueses nos disputaram pela razão de “ser porto”: essa raiz de ser, rude e crua. Esta arma que nunca foi uma lança e evoluiu.

O portuense, o forte, atingiu a calma que o permite ser desejado por todos, pela sorte de ser só “pelo porto”. Quem visita, seja turista, migrante ou local, é na forma como é acolhido, que se desprende de ser de onde vem para cair na paixão de ser “do Porto”. A calma, esta nossa calma de mirante, do alto da torre, da encosta de rio ou do horizonte de mar não é causada por mais um edifício reabilitado, por mais um notável estrangeiro que visita, ou até pelas festas de todos, mas pela simples noção de renascer, de vez, mas como sempre.

Por isso, não é a reabilitação que caracteriza o Porto, é o renascimento que esta provoca desde si, em quem aqui vive e claro em quem a visita. O Porto é mais do que um porto pronto a receber, e a reabilitação urbana é em si pouco para descrever o acionamento desta cidade, destes costumes e destas gentes. Enquanto reabilitar é material, este renascer é evoluir para a crítica do dogma na busca da próxima virtude, seja ela qual for Porto, e de partida para o futuro. Renascer como ser, como ponto notável de um território global e não mais limitados pelas encostas íngremes de outros momentos.

É assim que o Porto se afirma a olhar para o futuro. Mais do que a soma de partes legais, administrativas ou outras que tais. Assume, no dever de ser “porto” desde o novo centro - saído da ribeira de outrora e que se expandiu até às “galerias”, à “praça”, e aos “leões” - que é mais do que tudo à volta. Assume que, de avião, comboio, metro, autocarro, bicicleta e afins segue em direcção ao próximo ponto do porto, num rumo alinhado pelo fito nordeste, oriental e em direcção a uma nova velha centralidade, Campanhã. O futuro anel do crescimento final, onde se vai necessariamente consolidar uma forma de ser cidade, do Porto.

Eu sei onde faz sentido crescer, nesse futuro inevitável de outros tempos como sempre será Campanhã, mas o nosso tempo é o agora! É neste preciso tempo absoluto, que olho para o ponto onde faz sentido colocar a intenção e não vejo com bons olhos as propostas na candidatura do Porto para a localização da Agência Europeia do Medicamento.

● Uma, o Palácio dos Correios, é inestética e insuficiente. Peca pela proximidade aos passos da cidade e ao centro local da edilidade. Um edifício que se extingue no momento em que se propõe ser de outros além do município. Ao invés de o oferecerem deviam era usá-lo mais! Há tanto serviço público disperso que se pode concentrar aqui, afinal a verdadeira centralidade modernista do município, que não percebo sequer porque não o fazem. Demore o tempo que demorar, o meu conselho é concentrar.

● Outra, o Palácio Atlântico, é promíscua e interesseira. Uma sede de um banco, num interesse nada público, propõe-se livre, talvez derrotado pela sua própria fama, como só os banqueiros conseguem exigir de si, e liberta um edifício central numa área que será o renascer habitacional do Porto. O quarteirão do Bonjardim, é a melhor razão local para retirar as mono funções do centro vivo da cidade e permitir a habitação junto ao expectante e eterno epicentro da cidade, o novo mercado do Bolhão.

● Por fim, a última, nada concreta, para mim, pelo menos, como é o provável Liceu Alexandre Herculano. Um edifício sem dono local, órfão do governo central, destruído pelo tempo e pelas reformas de alguns novos tempos. Patrimonialmente um empecilho que ninguém sabe como fazer resultar útil e que os sanguinários do património não vão facilitar no tempo que lhes for exigido colaborar, em tudo o que vai ser acrescentado a construir. Ou será que, não sendo este o local da Avenida Camilo, vão mesmo construir de raiz numa cidade onde predomina o imóvel patrimonial vago?

Para mim, é na fronteira deste ano vindouro de 2018, no limiar do crescimento e da razoabilidade do planeamento e gestão urbana, neste futuro imediato do presente, que está o Silo Auto do Porto. Esta é a minha proposta, o meu contributo para a candidatura de que tanto me orgulho e na qual aceito participar. Esta é a minha renascida boçalidade, humildemente arrogante, a minha lança, por todos, não só pelo Porto e pelos portuenses, mas também por essa visão de futuro.

Existe, em área e em estrutura. É dono de uma situação urbana de luxo, num enclave de interesse público, concreto. Um património a reabilitar, não só fisicamente, para renascer esta parte da cidade. Um ponto notável, que a muita falta de gosto não soube aceitar pela sua forma, cilíndrica e portanto contra os paradigmas das sectárias escolas de arquitectura, numa proposta de forma irrazoável, peculiar. Um exercício de estilo brutalista, bruto como o porto, bruto como funcional, que tem tudo para ser a tela deste novo quadro de futuro. Uma geometria simples, coberta e aberta, duradoura, flexível, com potencial, até de expansão para um maciço rochoso, tão nosso, ali ao lado. Está livre do constrangimento das propostas de interesses e moribundo nas inúmeras tentativas de refuncionar tamanho potencial e posso saturar o óbvio pelos eixos de acesso, entradas e saídas da cidade, interfaces e estruturas de apoio, desde hotel a jardins, desde o metro ao centro, aqui tudo e tão perto, mas prefiro não exigir tão pouco da leitura que faço de quem sabe. Nada é mais perfeito do que este contexto, neste agora que é o que interessa, olhar para a Agência no Silo e ver a cidade a renascer do centro para o futuro.

Apresentar uma candidatura válida para o Porto significa garantir a autenticidade de um território intelectual que assenta no futuro da sua própria genuinidade. Livre de dogmas e propostas de interesse que não o comum, um parque de todos é o local certo para fazer “novo porto”.

Silo Auto do Porto
Parque de Estacionamento das Carvalheiras, 1964

● 8 000.00m2 área de implantação
● 30 000.00m2 área bruta de construção
● 08 pisos
● 3500.00m2 piso
● 800 lugares estacionamento
● Parque auto, loja, escritório, galeria, danceteria

Mais informações: Aqui

Editor
Pedro Rocha Vinagreiro e Isabel Santos Silva

Contacto
mensageiro@oasrn.org

O "Mensageiro" é um correio electrónico semanal da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. Para qualquer esclarecimento sobre este serviço ou para transmitir alguma sugestão, contacte-nos através do endereço: mensageiro@oasrn.org, ou visite a página www.oasrn.org.

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