
Fernando Távora © Luís Ferreira Alves |
Biografia Arquitecto Fernando Távora
Fernando Luís Cardoso Menezes de Tavares e Távora nasceu a 25 de Agosto de 1923,
filho de José Ferrão de Tavares e Távora e de Maria José Lobo de Sousa Machado Cardoso
Menezes.
Em 1945 iniciou os estudos de Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do
Porto, que concluiu em 1950 com o projecto de uma casa sobre o mar, onde afirmou
desde logo a sua posição como arquitecto moderno. Entre 1951 e 1959 virá a ser dos
poucos representantes portugueses nos "Congressos Internacionais da Arquitecura Moderna",
onde conhecerá não só Le Corbusier como os melhores arquitectos modernos da época.
Em 1947, publicara a versão final do ensaio "O problema da casa portuguesa; Falsa
arquitectura; Para uma arquitectura de hoje", onde sintetizara a noção de uma arquitectura
simultaneamente moderna e enraizada na cultura em que se insere, aspiração que, na época,
mobilizava alguns dos Arquitectos mais activos culturalmente em Portugal. Neste ensaio
apresentava, também, a necessidade de se estudar cientificamente a arquitectura popular
portuguesa. Nada mais natural, portanto, do que vir a integrar em 1955, a equipa do
"Inquérito à arquitectura popular portuguesa", a iniciativa mais ambiciosa, até hoje,
relacionada com o tema, e que seria extremamente influente no futuro da arquitectura em
Portugal.
Desde estudante e durante toda a sua vida, viajou incessantemente para estudar in loco a
arquitectura de todas as épocas em todos os continentes, utilizando-a desde 1958 até 2000,
como conteúdo e método da sua actividade pedagógica. As suas aulas e a publicação
da sua prova para professor agregado ("Da organização do espaço", 1962) consolidaram,
em sucessivas gerações na Escola Superior de Belas Artes do Porto, na Faculdade de
Arquitectura da Universidade do Porto e no Departamento de Arquitectura da Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, a ideia de que o conhecimento da
história e da cultura são indispensáveis para a produção da arquitectura contemporânea.
As suas obras construídas, como o Mercado Municipal de Santa Maria da Feira (1953-59),
o Parque Municipal Quintas da Conceição e de Santiago, Matosinhos (1956-93), a Casa de
Férias no Pinhal de Ofir, Fão (1957-58), a Ampliação do Edifício do Parlamento, Palácio
de S. Bento, Lisboa (1994-99) ou a Casa dos 24, Porto (1995-2003), exprimem um grande
sentido de responsabilidade social, na maneira como criatividade e poética estão
presentes a par do rigor na abordagem ao sítio, à função e aos aspectos técnicos.
Nesta medida, a sua obra constitui um exemplo importantíssimo para a credibilização
da actividade do arquitecto em Portugal. Também no campo da conservação do património
deixou intervenções exemplares, como a Recuperação do Convento de Santa Marinha,
Guimarães (72-85), a Sistematização do Centro Histórico de Guimarães (85-92), ou o
Restauro do Palácio do Freixo, Porto (96-03).
A sua importância para a arquitectura em Portugal foi reconhecida com a atribuição
do doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Coimbra em 1993, com diversos
prémios, entre os quais o Prémio Nacional de Arquitectura em 1987, pela publicação
regular nas publicações especializadas nacionais e internacionais e pela publicação
da sua obra completa.
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