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Aproveitamento Hidroeléctrico do Douro Internacional - Picote




Enquadramento das obras de arquitectura moderna do douro internacional
(Anos 50/60)

As três centrais hidroeléctricas realizadas nos anos 50/60, próximo da fronteira Portugal-Espanha no ponto onde o rio Douro entra em território português, constituem um acontecimento excepcional na história da arquitectura moderna e contemporânea a nível nacional e internacional.

No espaço de cerca de um decénio, de 1953 ao início dos anos 60, três jovens arquitectos, João Archer de Carvalho (1928), Manuel Nunes de Almeida (1924) e Rogério Ramos (1927/1976) introduzindo no grupo dos engenheiros da Hidroeléctrica do Douro a necessidade de discutir e decidir as questões da intervenção no território desde o âmbito da disciplina da arquitectura, puseram em prática uma metodologia projectual que reconhece à componente arquitectónica e artística a importância primária da intervenção urbana desde a fase inicial dos processo de transformação ambiental e de formalização dos espaços construídos.

Em Picote, onde se iniciaram os trabalhos, as primeiras intervenções consistiram na realização de infra-estruturas para instalar as famílias do pessoal que iria trabalhar na construção. Isto é, casas e serviços de apoio a cerca 5.000 pessoas. Traçam-se estradas, constroem-se casas provisórias, realiza-se a estação de tratamento de água, elabora-se o plano urbanístico para as estruturas definitivas.

É dada particular atenção aos aspectos paisagísticos e ambientais. São plantadas novas espécies arbóreas que passam a integrar as existentes, plataformas naturais do terreno são utilizadas para a localização das estruturas residenciais tendo como objectivo a máxima fruição da paisagem e, em termos económicos, evitar inúteis e destrutivos movimentos de terras.

Os arquitectos entrevêem a possibilidade de realizar uma das grandes aspirações do Movimento Moderno: "da colher à cidade”.

Em Maio de 2002 o Instituto Português do Património Arquitectónico abre o procedimento administrativo relativo à eventual classificação do “Conjunto da Barragem de Picote” reconhecendo ao valor do conjunto como uma das obras mais significativa do Movimento Moderno em Portugal realizada pelos arquitectos João Archer de Carvalho, Manuel Nunes de Almeida e Rogério Ramos integrados no grupo histórico do Gabinete de arquitectura da Hidroeléctrica do Douro.

Em Setembro de 2009, o Ministro da Cultura, sobre proposta do IGESPAR, determina definitivamente a classificação do Empreendimento Hidroeléctrico do Douro Internacional - Picote como Imóvel de Interesse Público fundamentando a classificação:
“- na importância histórica do empreendimento no quadro do desenvolvimento económico e modernização do país;
- no mérito e exemplaridade técnico - construtiva e científica da obra, enquanto referência da alta qualidade da engenharia portuguesa na utilização de solução de vanguarda na resposta aos difíceis constrangimentos do meio e na prossecução de um programa ambicioso;
- na importância arquitectónica, urbanística e a paisagística do conjunto, enquanto exemplar da arquitectura do movimento moderno com raro sentido de equilíbrio e afirmação das linguagens e materiais modernos com o respeito e aproveitamento da beleza e força telúrica da paisagem natural. “


Reabilitação da pousada, das casas dos engenheiros e da área envolvente

A Pousada, realizada entre 1954 e 1957, da autoria do arquitecto Rogério Ramos (1927-1976), as casas dos Engenheiros, realizadas entre 1954 e 1957, da autoria do arquitecto Manuel Nunes de Almeida (1924) e a piscina e o campo de ténis realizados entre1954 e 1958, da autoria do arquitecto João Archer (1928) fazem parte das obras-primas do Moderno Português. Estas obras assim como todas as demais do conjunto de Picote, Bemposta e Miranda, afirmam a arquitectura Moderna Portuguesa no círculo da Arquitectura Moderna Internacional.

A mudança das condições tecnológicas no sistema de controlo e produção da central de Picote, levaram o Conselho de Administração da C.P.P.E (Companhia Portuguesa de Produção de Electricidade) e sucessivamente a EDP Imobiliária, a rever a forma de utilização deste conjunto, anteriormente destinado a estalagem para pessoal dirigente, a residência da equipa técnica e a lazer dos trabalhadores do aproveitamento hidroeléctrico.

O novo destino, pela reconhecida qualidade do conjunto, considera o carácter residencial que tinha antes, mas complementa-o com um conjunto de actividades que permitam dar nova vida e dotar o lugar de motivos de interesse para ser inserido num circuito cultural mais vasto.

As novas funções referem-se à realização de alguns espaços de serviço em galeria expositiva, para a colocação de um conjunto de elementos documentais da história da construção das centrais do Douro Internacional dos quais o edifício objecto da recuperação faz parte e para alargar a sua utilização foi introduzido um elevador.

A obra de reabilitação, em curso, abrange, além do edifício da Pousada, o grupo de cinco casas e toda a área envolvente, incluindo a zona da piscina e do campo de ténis.

Fátima Fernandes e Michele Cannatà

Imagens (de cima para baixo):
Capela de Picote
Edifício de Comando de Picote
Remodelação e ampliação da Pousada de Picote
Imagens gentilmente cedidas por Cannatà & Fernandes.






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