OASRN



André Carinha Tavares
Ruínas, ou do Livro de Arquitectura


No dia 9 de Abril de 2015 foi anunciado o Vencedor da 10ª edição do Prémio Fernando Távora.

O Júri da 10ª edição, presidido pelo escritor Valter Hugo Mãe e constituído pelos Arquitectos Manuel Botelho, João Luís Carrilho da Graça (nomeado pela Casa da Arquitectura), Pedro da Rocha Vinagreiro (em representação da OASRN) e pela Dra. Luísa Távora (designada pela família do Arquitecto Fernando Távora) deliberou, por unanimidade, atribuir o Prémio ao arquitecto André Tavares, com a proposta “Ruínas, ou do Livro de Arquitectura”.

André Tavares propõe, mais do que uma viagem física, um percurso que permita explorar a complementaridade entre o saber adquirido através de livros de arquitectura e a experiência física de visitar, no local, a obra edificada.

Percorrendo edifícios e edições originais de livros em Paris (França), Roma e Vicenza (Itália) e Londres (Reino Unido), “para poder compreender melhor a relação entre a obra, o edifício, a experiência física do construído, e visitar a forma original das páginas que se apoderaram da obra para a devolver ao leitor sob a forma de um livro”, André Tavares sugere, “através da história do livro de arquitectura, pensar uma síntese da cultura arquitectónica europeia;(…).”

Na proposta, André Tavares realça a importância do livro enquanto objecto de construção e transmissão de conhecimentos de Arquitectura mas também, e no espírito de Fernando Távora, a pertinência de se conhecer a obra arquitectónica in loco: “Sentado, perante muitos livros, sentia a necessidade imperiosa de conhecer as obras, de ver resultados construídos, de usar a crítica de arquitectura tal como ela se pratica no quotidiano profissional. A arquitectura aprende-se e pratica-se com os pés, caminhando, dando tempo e medida às formas que nos envolvem. O passo é a medida das formas construídas, independentemente do valor que as imagens lhes possam conferir ou da astúcia social que possa estar implícita na resposta operativa do projecto perante a realidade.”
Excertos da proposta de viagem.


O Júri considerou que “o trabalho seleccionado e premiado nesta 10ª Edição se distingue por uma profunda originalidade: percurso por edifícios e edições originais de livros em Roma, Vicenza, Paris e Londres, a fim de, através da história do livro de arquitectura, sintetizar a cultura arquitectónica europeia. A candidatura de André Tavares apresenta, de forma enxuta e rigorosa, os seus propósitos, convencendo o Júri, por unanimidade, da sua exequibilidade bem como do valor intrínseco desta perspectiva.”.
Excerto da acta do Júri.


André Tavares nasceu no Porto, em 1976. Frequentou a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde se licenciou em 2000 e doutorou em 2009. Frequentou também a École Polytechnique Fédérale de Lausanne em 1998-1999; a Accademia di Architettura di Mendrisio em 2003-2004; o Centre d’archives d’architecture du XXème Siècle – Institut Français d’Urbanisme em 2005; e a Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 2006. Em 2011 foi Associate Scholar no Centre Canadian d’Architecture, em Montréal.

Tem actividade esporádica como arquitecto e publica com regularidade artigos de crítica, teoria e história da arquitectura. É autor dos livros Arquitectura Antituberculose, trocas e tráficos na construção terapêutica (Faup-publicações, 2005), Os fantasmas de Serralves (Dafne, 2007), Novela Bufa do Ufanismo em Concreto (Dafne, 2009) e Duas Obras de Januário Godinho em Ovar (Dafne, 2012). É professor convidado da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Tem actividade regular de investigação científica em Teoria e História da Arquitectura, tendo apresentado resultados em conferências e congressos em Cambridge, Zurique, Nova Iorque, Porto, Budapeste, Guimarães, Lisboa, Montréal e Paris. É coordenador editorial da Dafne Editora onde dirige as colecções Equações de Arquitectura, Opúsculos (2007-2011) e Fora de Série. É director do Jornal Arquitectos para o biénio (2013–2014) e Comissário Geral (com Diogo Seixas Lopes) da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016.



A OASRN recebeu 23 candidaturas à 10ª edição do Prémio Fernando Távora. O prazo de entrega de candidaturas terminou a 2 de Fevereiro de 2015. A Conferência do Vencedor, Anúncio público da constituição do Júri e abertura da 11ª edição do Prémio decorrerá a 5 de Outubro de 2015, Dia Mundial da Arquitectura (primeira segunda-feira do mês de Outubro).

Nas edições anteriores, foram premiados os arquitectos Nelson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça, Marta Pedro, Paulo Moreira, Sidh Mendiratta e Susana Ventura.

O Prémio Fernando Távora é um prémio anual, único - consiste na atribuição de uma bolsa de viagem, no valor de seis mil euros -, e de âmbito nacional, destinado a todos os membros efectivos da Ordem dos Arquitectos. Instituído em homenagem ao arquitecto Portuense, figura referência da arquitectura portuguesa pela sua actividade enquanto arquitecto e pedagogo.

O Prémio Fernando Távora é organizado pela OASRN em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) e a Casa da Arquitectura (ACA), contando com o patrocínio da AXA Portugal.



Imagens (de cima para baixo):
1. Polifilo embrenha-se na floresta escura nas primeiras páginas da sua luta de amor num sonho, in Francesco COLONNA, Hypnerotomachia Poliphili, ubi humana omnia non nisi somnium esse docet, Venice, Aldus Manutius, 1499
2. Henri Labrouste, Bibliothèque Sainte-Geneviève, Paris, 1843-1850
3. Joseph Michael Gandy, A selection of public and private buildings’ parts according to Sir John Soane’s projects RA. FSA., for the metropolis and other places of the United Kingdom between 1780 and 1815, 1818
4. André Tavares (©OASRN)



 


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