OASRN

065

O PALÁCIO COMO DOCUMENTO ABERTO
RITA LOPES

12.JUN.03
 

João Paulo Rapagão, co-autor do projecto de recuperação do Palácio de Cristóvão de Moura, faz a visita guiada este sábado, no âmbito do programa “Obra Aberta”

O Palácio do Marquês de Castelo Rodrigo, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, recebe este sábado a visita de um dos co-responsáveis pelo projecto de recuperação que guiará a curiosidade das pessoas que «vêm de todo o país para conhecer esta intervenção». Cidadãos que aceitaram o repto da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN) para integrarem o programa "Obra Aberta", uma iniciativa inserida na programação do "Ano Nacional da Arquitectura'O3". A antiga fortaleza de Cristóvão de Moura foi a única contemplada do distrito da Guarda para integrar um ciclo de visitas a 20 exemplos de intervenção arquitectónica espalhados por todos os distritos da região Norte do país. A intenção é dar a conhecer, em forma de visita guiada por um arquitecto co-responsável pela intervenção, a um grupo de pessoas não especializadas em arquitectura um conjunto de edifícios ou territórios urbanizados normalmente mais escondidos ao olhar do público.
Em Castelo Rodrigo, João Paulo Rapagão, co-autor do projecto de arquitectura com César Fernandes, promete uma visita direccionada ao monumento, às ruínas e à envolvente. O encontro está marcado para as 15 horas no Posto de Acolhimento. Aí, o arquitecto fará uma explanação do passado de Castelo Rodrigo, da sua história e do que foi feito em termos de intervenção. Uma operação candidatada e gerida pelo IPPAR e pela Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, cujo processo se iniciou em 1991 mas «ainda dura, porque é um trabalho que nunca mais termina», salienta Rapagão. O arquitecto refere- se sobretudo à recuperação da aldeia, onde já foram revitalizadas algumas casas, mas «muitas ainda faltam» e até lá o processo não finda. Intervenções que fazem parte do programa de desenvolvimento das Aldeias Históricas, que inclui a recuperação das fachadas e telhados das casas, pavimentos das ruas, electricidade, telefones, saneamento e inclusão do Posto de Acolhimento, uma peça «totalmente» nova. João Paulo Rapagão explicará aos muitos curiosos inscritos «de todo o país», todo o processo de intervenção, salientando que o seu «maior» prazer é saber que Castelo Rodrigo, além das questões metodológicas de arquitectura utilizadas, «com respeito pela acção do tempo», é hoje uma "obra" que «valeu a pena». É que o número de visitantes aumentou «exponencialmente», tanto de cidadãos comuns, como de profissionais de arquitectura nacionais e estrangeiros que vêm testemunhar uma intervenção de «sucesso que não desfocou o monumento».
A visita segue no interior das ruínas do Palácio, que se mantêm testemunhando uma traição à coroa portuguesa em 1640, onde Rapagão deixará os visitantes «explorarem e interpretarem por si mesmos». O arquitecto entende que o monumento deve ser uma espécie de «documento aberto para o imaginário descobrir». Lembra que «não quisemos mentir, tudo o que está é verdadeiro» e que a intervenção apenas «aclarou o documento», cabendo agora a cada um descobrir o resto. «Bastou-nos deixar ficar um óculo no centro do pátio para verem que ali era a cisterna», conta João Paulo Rapagão, garantindo que as pessoas «inventam por si, sem setas ou indicações». A história da própria aldeia também vai ser referenciada, por estar repartida pelas casas desde a altura em que a população saqueou pedaços da ruína para os incutir nas construções. «Hoje vemos pedaços do monumento repartidos pelas casas da aldeia», conta o arquitecto, relembrando que Castelo Rodrigo foi por isso considerada a «pior aldeia porque estava adulterada». Uma questão que quase levou a União Europeia a desistir do seu financiamento, mas hoje «é o nosso orgulho», destaca Rapagão, satisfeito com o facto de a Comissão de Acompanhamento das Aldeias Históricas «a incluir como uma das mais interessantes».BR>
A «parte amarga» de Castelo Rodrigo

Embora orgulhoso com o sucesso da aldeia, João Paulo Rapagão lamenta algumas «partes amargas» que se prendem com as pessoas. O arquitecto considera que o património não são só as pedras, mas também as pessoas e, por isso, o que «sabe a pouco» é ver que não houve uma insistência nas pessoas com cursos de formação, onde aprendessem a receber, a falar línguas e alguma economia mínima. «Falta saber o que importa fazer e como fazer», explica Rapagão, referindo que abrem cafés mas não se aguentam porque «não sabem aproveitar as melhores alturas». E lembra que «deixámos pistas» do ponto de vista etnográfico, gastronómico e cultural para que pudessem fixar as pessoas em diferentes alturas do ano, como a caça, o queijo, as amendoeiras em flor. Isto porque «as pessoas chegam, entram no palácio e vão embora», lamenta, salientando que a aldeia «precisa de reinventar-se por dentro para que os visitantes fiquem ali uma tarde».
João Paulo Rapagão considera que o principal é as pessoas saberem aproveitar a «cana de pesca que ali deixámos», algo que «faltou ao programa», frisa. Para o arquitecto importava manter o que foi feito e recuperar a aldeia para fixar as pessoas e para que a escola primária volte a ter professor e alunos, fazendo de Castelo Rodrigo um museu vivo. E deixa o recado à autarquia e ao IPPAR para que alguém substitua as lâmpadas fundidas, penteie a gravilha, pinte o que foi feito. «As coisas devem ser mantidas, pois não vamos ter mais oportunidade financiamento», avisa, imputando à autarquia local a «responsabilidade» dessa manutenção.




 
 


99
 O 73/73 É UM ENGANO!
mar

98
 POR UM FUTURO MELHOR!
P.Cunha

93
 ASSINATURAS
Diogo Manuel Monteiro das Neves

88
 DEIXEM-ME VOTAR, POR FAVOR!
Pedro Marques de Figueiredo, Arquitecto.

100
 POR UM FUTURO MELHOR II
Rita Amaral

097
 DAQUI A POUCO, DEIXO A ARQUITECTURA!
Rui Cação

094
 SÓ PODE SER DESTA !!!!!
Francisco Rey

090
 PEDITÓRIO DE ASSINATURAS PARA QUÊ?
Jorge Garcia Pereira

086
 O RECURSO
Fernando Gabriel

085
 ARQUITECTO!!! OH, TRISTE PAIXÃO!!!
P. O.

084
 E O NOSSO FUTURO?
pc

079
 RAZÕES
J.R.

077
 DESABAFO!
RUI REGO e CARLOS MARQUES

071
 OS ARQUITECTOS TÊM DIREITOS?
ANTÓNIO JORGE BRAGA

070
 ARQUITECTOS DESVENDARAM SEGREDOS DO LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO VETERINÁRIA
ÂNGELO TEIXEIRA MARQUES

069
 ILHA DA RUA DAS ALDAS:
UMA FORTALEZA COM PEQUENAS JANELAS

INÊS NADAIS

067
 A PAIXÃO DOS ARQUITECTOS
ALEXANDRE PRAÇA
NELSON MARQUES

066
 “OBRA ABERTA” EM MATOSINHOS
EDUARDO COELHO

065
 O PALÁCIO COMO DOCUMENTO ABERTO
RITA LOPES

064
 VIAGEM PELA ARQUITECTURA DE UMA CIDADE DISFORME
CELESTE PEREIRA

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 VILA REAL E RÉGUA “ABRIRAM-SE” AO OLHAR DOS ARQUITECTOS
CELESTE PEREIRA

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 SIZA VIEIRA REGRESSA À CASA AVELINO DUARTE
SARA DIAS OLIVEIRA

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 SIZA VIEIRA REGRESSA À CASA AVELINO DUARTE
NATACHA PALMA

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 QUEM DISSE QUE UM PARQUE INDUSTRIAL TEM DE SER FEIO, MUITO SUJO E RUIDOSO?
ABEL COENTRÃO

059
 VISITA À “HABITAÇÃO PÓS-25 DE ABRIL “ NO PORTO
PAULA SIMÕES

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 REVOLUÇÃO NÃO CHEGOU A TODOS OS BAIRROS E ILHAS
VIRGÍNIA ALVES

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 O ALJUBE POR DENTRO
INÊS NADAIS

056
 CASTELO RODRIGO NAS VISITAS GUIADAS DO ANO NACIONAL DA ARQUITECTURA
RITA LOPES

055
 ORDEM DOS AROUITECTOS FAZ VISITAS GUIADAS
LUIS MIGUEL QUEIRÓS

054
 ORDEM DOS AROUITECTOS PROMOVE VISITAS GUIADAS
LUÍS MIGUEL QUEIRÓS

047
 O DIREITO DOS ARQUITECTOS E OS DIREITOS DOS OUTROS
SANTANA CASTILHO

045
 DISCUSSÃO COMPLETA DA DELIBERAÇÃO DA PETIÇÃO
DEBATE NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

043
 PROJECTO DE DELIBERAÇÃO N.º 17/IX
COMISSÃO DE OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO

029
 ESTÁGIO DA (DES)ORDEM
PAULO MONTEIRO, Licenciado em Arquitectura

026
 BOA SEDE, MAU JUÍZO
PEDRO ABRANCHES VASCONCELOS

025
 DESTRUIR A OA PARA CONSTRUIR A SUA SEDE
JOÃO CASTRO FERREIRA

024
 PORTO COM PINTA
PEDRO SILVA

021
 ORDEM NAS TUTELAS
JORGE PINHEIRO RODRIGUES

020
 NÃO INVENTE E SEJA DO CONTINENTE
PEDRO BELO RAVARA

015
 O PAPEL DA ORDEM NOS CONCURSOS PÚBLICOS
ABAIXO ASSINADO

014
 RUA DO AMEAL, 942 | PORTO
PEDRO ABRANCHES VASCONCELOS

011
 CONCURSOS COM A ORDEM? NÃO, OBRIGADO!
IVO OLIVEIRA, PEDRO CASTELO

010
 VONTADE DE MUDANÇA
FRANCISCO SOUSA RIO

007
 D’A LOUCURA DOS ARQUITECTOS
JOÃO CASTRO FERREIRA

006
 A VERDADEIRA RUÍNA DA ARQUITECTURA
PEDRO BRANDÃO, Europan Portugal